PEÇA TEATRAL

 Olá! Mais uma produção de nossos alunos! Segue um roteiro de uma peça produzida pela estudante Deborah Area Leão (8º ano EF), a partir de atividade proposta no Contato Capiano Teatral (31/07/2020). A atividade foi desenvolvida pela professora de Teatro Mariana Oliveira.

Boa leitura!



PEÇA TEATRAL

por Deborah Area Leão

 

As personagens serão um homem de meia idade e uma mulher com seus dois filhos. Eles se encontrarão nas varandas de seus apartamentos, quando o homem de meia idade reclamar dos barulhos vindos da casa da mulher. Isso não acontecia antes do isolamento social imposto pela pandemia da COVID-19, visto que o homem passava suas manhãs e tardes trabalhando e, quando voltava para casa à noite, as crianças já estavam dormindo.  E ele trabalhava todos os dias, até mesmo em fins de semana e feriados e, durante as férias, as crianças viajavam com sua mãe. Por isso, o homem não tinha que conviver com os barulhos e as algazarras. Porém, com a quarentena, o homem começou a trabalhar em casa e, como as mulher e seus filhos também estavam cumprindo o isolamento, ele começou a se incomodar com os importúnios que o impediam de trabalhar. Então, chamou sua vizinha pela varanda. A mulher logo veio com uma das crianças no colo e perguntou o que o homem queria.


Mulher: O senhor precisa de algo? Não costumamos conversar muito, no máximo nos

cumprimentamos quando nos encontramos no elevador.


Homem: Não conversamos muito porque não passo muito tempo em casa. E, quando volto do trabalho, seus filhos já estão dormindo. Mas, com essa quarentena, estou sendo obrigado a conviver com os gritos destas crianças. Peço, com educação, que controle-os para que eu possa trabalhar em paz.


Mulher: Me desculpe, senhor. Estou fazendo o máximo para que meus filhos fiquem quietos e não perturbem os vizinhos. Contudo, eles não param um segundo e eu estou cuidando deles sozinha. Sinto muito, não tive intenção de incomodar.


Homem: Ora, eu... Me desculpe a rispidez. Não sabia que cuidava sozinha de seus filhos. E sei que não é proposital. Se eu que moro no apartamento ao lado estou enlouquecendo com os barulhos, imagine a senhora que cuida sozinha das crianças.


Mulher: Realmente não é uma tarefa fácil. Mas estou fazendo o que posso para distraí-los. Eles estão com muita saudade de ir à escola. 


Homem: Imagino...


Mulher: Meu filho mais velho está assistindo um filme no momento. E o mais novo...

Oh, ele dormiu em meus braços. Com licença, preciso colocá-lo no berço.

 (Um tempo se passa)


Mulher: Estou de volta. Então, onde paramos a conversa?


Homem: A senhora estava me contando sobre como seus filhos sentem saudade de ir à

escola.


Mulher: Ah, sim. Porém, com certeza não sentem mais falta do que eu. Com eles em casa vinte e quatro horas por dia, não tenho descanso. Gosto da companhia de meus filhos, mas sinto falta de uma trégua de vez em quando. Não é fácil cuidar de duas

crianças pequenas sem nenhuma ajuda.


Homem: Entendo. Se eu puder fazer algo para ajudá-la...


Mulher: Agradeço, mas não tenho a intenção de ocupar seu tempo. A algazarra de meus filhos já o incomodam o suficiente. Não precisa ter trabalho conosco.


Homem: Como achar melhor... Mas se precisar de algo, estarei aqui ao lado.


Mulher: Oh, muito obrigada mesmo! Até mais. Preciso fazer o almoço das crianças.


Homem: Até.


(A mulher sai da varanda e vai para a cozinha preparar a refeição.)


(O homem começa a refletir sobre sua falta de consideração por não ter pensado na mãe das crianças, mas apenas em seu sossego.)



Fonte da imagem: <https://images.app.goo.gl/6cwRCwenvCMntrYq9>

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