BIBLIOTECAS NA FICÇÃO: A BIBLIOTECA JEDI




Por Alexandre Xavier Lima


Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante... mais precisamente em Coruscant, havia uma biblioteca, onde se abrigava todas informações de centenas de anos dos Mestres Jedi. Ocupando dois andares do Templo, a biblioteca dispunha de quatro salões repletos de prateleiras “holobook”. Esses salões culminavam em um grande centro. Os conhecimentos eram digitalizados e disponibilizados a qualquer usuário Jedi. Para acessá-los, bastava consultar os catálogos em terminais de computadores. 
Ao longo de várias eras, a biblioteca viu sua coleção de informação se expandir, acompanhando a prosperidade de sua civilização, de tal modo que Jocasta Nu, diretora da biblioteca Jedi, chegou afirmar que “Se o item não aparece em nossos arquivos, ele não existe!”. Contudo, essa mesma coleção esteve ameaçada e até destruída nos momentos de instabilidade. Essa realidade não é muito diferente das experiências de nossas bibliotecas pelo mundo, símbolos das sociedades que as ergueram. Um exemplo é a biblioteca de Nizamiyah, destruída pelos mongóis, ou mais recentemente a biblioteca de Basra, ambas no Iraque - esta última, portadora de um acervo incrível, com livros de 700 anos, mas ameaçada durante a guerra.
Voltando ao universo Star Wars, a biblioteca não interessava apenas aos Jedi. Os Sith (membros de uma seita que defendia o lado sombrio da Força) também reconheciam a importância das informações ali presentes, tanto que, de posse da biblioteca, Vader procurou defender e recuperar todos os dados importantes. Só para se ter uma ideia dessa riqueza, nesse período de tensão, os Jedi, estudando os arquivos, reativaram seus sabres e redescobriram as habilidades da Força. 
Vale destacar que o Império representa muito bem o perigo de governos autoritários, visto que muitos arquivos foram adulterados para justificar a propaganda anti-Jedi, feita por Darth Sidious. Somente quando a República foi restaurada é que surgiu a possibilidade de se restituir os textos a sua forma genuína, ou seja, recuperar a última intenção do autor. Coube a Luke Skywalker (fundador da nova ordem Jedi) e Tionne Solusar (historiador) restaurar esses textos. Fazia parte dessa tarefa apagar as mentiras de Sidious e proteger o patrimônio Jedi.
Isso parece simplesmente ficção, mas aponta para uma realidade: ao longo das eras, os textos sofrem modificações por vários motivos e de várias naturezas. Os copistas, responsáveis por transmitir às novas gerações os textos, podem alterar o texto, de acordo com suas ideias linguísticas, religiosas, morais, políticas ou literárias. O resultado pode ser um texto completamente diferente do original. Não precisamos ir muito longe. Basta observar como uma notícia é distorcida até se tornar uma fake News. 
Cabe ao filólogo (amante da palavra; forma como Eratóstenes, chefe da Biblioteca de Alexandria no séc. II a.C., se autointitulava) comparar as diversas edições existentes de uma obra, identificar e eliminar os erros introduzidos ao longo da transmissão textual e manter todos os traços que sejam de origem autoral. Além disso, pode iluminar a leitura, recuperando contextos que escapam do leitor contemporâneo. Dessa forma, protege-se intelectualmente um patrimônio cultural.
Procurei dar uma pequena ideia acerca da biblioteca Jedi. Para aprofundamento, vale a pena visitar o site https://starwars.fandom.com/pt/wiki/Legends:Arquivos_Jedi. Nessa página, você encontrará não só a descrição completa desse templo do saber Jedi, mas também a sua história. Além disso, pode localizar uma extensa bibliografia sobre o assunto. Quem sabe, ao revisitar essa narrativa épica, você não descobre o equilíbrio defendido pela Ordem Jedi?
Que a Força esteja com você!

Fonte da imagem: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Star_Wars>

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