Série Ficção Científica

por Alexandre Xavier Lima

Nesta série, alguns alunos do sétimo ano especulam sobre o futuro, considerando os avanços tecnológicos e a relação entre ser humano e seu ambiente. Nós te convidamos a prestigiar as primeiras aventuras desses alunos nesse gênero e viajar pela imaginação!

 

 

PRHX o robô cientista (Parte 1)

Gabriela, 73

ACORDO, mais uma vez atrasada. Não tenho tempo para um café reforçado, então vou comer apenas uma maçã. Saio de casa e, para o meu alívio, vejo um carro branco poucos centímetros acima do chão na minha porta.

- Ky anda logo, está atrasada! - diz o homem de cabelo castanho enquanto abaixa o vidro do motorista.

- Sei disso Bredam, passei a noite toda trabalhando.

- Você está trabalhando muito, se continuar assim não vai ter café que te mantenha acordada. - fala enquanto me entrega um copo de café.

Alguns minutos depois paramos na frente de um prédio com letras grandes e brancas na fachada, que formavam “LabôRobô”. Este é o meu local de trabalho. Venho aqui todos os dias com meu melhor amigo e parceiro de laboratório. Entramos aqui juntos há aproximadamente sete anos atrás. No início éramos ajudantes de laboratório, agora temos uma sala apenas para nós, nossos experimentos e invenções.

Cada cientista do laboratório tem sua digital e sua imagem gravada no sistema. Isso serve para impedir que pessoas não autorizadas entrem. As digitais também são usadas para abrir portas, gavetas, armários…

Entramos no laboratório após as portas se abrirem automaticamente e uma voz robótica feminina (essa é a “voz do laboratório” que chamamos de Calíope, que significa linda voz) nos saudar e nos relembrar que estamos atrasados.

Vamos andando em direção a nossa sala quando somos parados por uma voz fofa e estridente.

- Kyra, Bredam...Que bom que chegaram! Vamos, quero mostrar minha nova invenção para vocês!

Sou puxada por um par de mãos que me levam para um canto da área de testes do laboratório, onde me deparo com uma enorme bola preta que, por sinal, se parece muito com uma bola de boliche.

- Uau! Isso é carboneto de tungstênio? - pergunta Bredam.

- É sim! - diz a garota loira que nos empurra em direção a uma mesa cheia de recipientes de vidro de diversos tamanhos e formatos, cada um com um líquido colorido diferente dentro.

- Olhem só que maneiro. É ácido, é clórico líquido. Um pouco de cobalto… e um TOQUE de ácido hipocloroso - fala minha amiga enquanto mistura tudo em um recipiente redondo de vidro com uma tampa de spray.

- Super Quente!... A quinhentos graus Kelvin - grita enquanto aquece o recipiente, usando um tipo de maçarico. Ela vai adicionando a substância formada em toda a superfície da esfera preta que, após todo o conteúdo do recipiente ser adicionado, fica completamente rosa!

- Tcharam! Acharam muito rosa?

- Hum...Um pouco - digo tentando não acabar com sua animação.

- Esperem só pra ver… se afastem! - E BUM! Ao tocar a esfera, a cientista e tudo que estava mais próximo da bola fica completamente rosa.

- Legal né?! Química, Metal...Variabilidade! - Rio vendo a menina limpar seus óculos animadamente.

- Nada mal, Ananda! - Diz Bredam pegando seus óculos que, por deixar próximo à bola, fica em um tom de rosa chiclete.

- Eu amei a ideia! Quando terminar sua próxima invenção, quero ser a primeira a ver. -

Afirmo me afastando do meu amigo que agora tenta me sujar de rosa.

- Você sempre é a primeira a ver então…

- Certo, obrigada. Agora temos que ir, pois temos muito trabalho a fazer.

Saio puxando meu amigo que quase é atingido por uma roda magnética na cabeça.

Aqui no laboratório nós temos duas áreas enormes, dedicadas apenas para testarmos as nossas invenções. Todos têm um espaço próprio nela, mas todos usamos os mesmos materiais, que ficam guardados em um armário que apenas nós, cientistas do LabôRobô, temos acesso.

Cada um também tem a sua própria sala onde fazemos estudos e criamos praticamente tudo! Assim como quase todo o prédio, todas as salas são feitas com um tipo de vidro um pouco mais resistente. Os cientistas daqui criaram uma espécie de camada extra no vidro, que nos permite deixá-los cinzas ao apertar um botão, mantendo assim, a privacidade de todos.

Estava andando com Bredam quando sinto algo contra mim, ou melhor, alguém.

Recuo um pouco para ver de quem se trata e percebo que Dorian Aghani, nosso chefe, está parado nos observando.

- Senhorita Hevan, senhor Calarram. Porque não estão em sua sala? Deveriam estar finalizando seu projeto, não?

- É exatamente isso que íamos fazer, nós estávamos apenas… Procurando o Liam! É, isso aí, estávamos procurando o Liam - Responde meu amigo meio nervoso, inventando uma desculpa para encobrir o nosso atraso (o quarto só desta semana).

- E, por sorte, acabamos de encontrá-lo - Digo vendo nosso amigo e ajudante aprendiz sair de uma sala qualquer.

Quando nos vê, vem andando em nossa direção, com seus cabelos ruivos agora presos em um rabo de cavalo baixo.

- Kyra! Bredam! Estava pro…

- Finalmente! Rodamos o laboratório inteiro atrás de você - interrompo-o antes que acabe nos entregando para o sr.Aghani, que não parece acreditar em uma só palavra que dissemos.

- Mas vocês…

- Temos muito trabalho a fazer então temos que ir. Até mais Sr.Aghani, nos vemos por aí.- Dessa vez é Bredam que interrompe Liam, que só agora entende a situação e nos segue até nossa sala.

Andamos um pouco até chegarmos ao nosso destino. Paramos em frente a porta que se abre após pôr minha mão sobre a mesma.

- Pessoal, estamos na reta final do trabalho então...vamos nessa! - digo me dirigindo aos meus dois amigos e parceiros de trabalho e prendendo meus cabelos cacheados em um coque alto.

- Liam, trouxe a ferramenta que te pedi ontem?

- Trouxe.

- Ok. Bredam, vá buscar a mão de apoio que está na sala B23. Ah! Aproveite e pegue um pouco mais de café para mim, por favor.

- Sim capitã! - diz prestando continência me fazendo rir.

- Li, vou precisar que, assim que Bredam chegar, comece a registrar tudo no computador central. - digo pegando meus óculos.

- Tudo bem.

Um tempo depois a porta é aberta e meu amigo apoia a máquina em forma de braço que uso para fazer ajustes mais delicados em meu protótipo.

Ficamos ali, programando e modificando nossa invenção por aproximadamente três horas. Fizemos algumas pausas é claro, estamos trabalhando nisso há dias, nenhum de nós aguenta mais programar e modificar nada!

Quando dá a hora do almoço decidimos ir ao restaurante “Gastroboo”, que fica próximo ao lab. Ao chegar vejo Ananda sentada em uma mesa e decidimos nos juntar a ela. Cada um escolhe o que vai pedir na tela ao lado da mesa e depois ficamos só conversando. Todos estavam com fome então acabamos de almoçar bem rápido.

No caminho de volta, vejo uma propaganda do Laboratório Ulessia, nosso maior rival. Há alguns meses, criamos um relógio capaz de realizar chamadas/ligações holográficas. De alguma forma, eles conseguiram as informações necessárias para construir o relógio. Quando decidimos que estava pronto para ser lançado, descobrimos que o Lab.Ulessia havia lançado um idêntico. É óbvio que eles roubaram nossa invenção, mas nós não tínhamos como provar. Depois disso, Dorian Aghani decidiu reforçar a segurança do nosso prédio e acabou até demitindo algumas pessoas.

Chego no laboratório e logo vejo Aghani vindo até mim. Ele parecia um pouco cansado e até… nervoso? Ele batucava as mãos ao lado do corpo enquanto caminhava, com o tempo aprendi que isso nunca é um sinal muito bom. Disse que precisava falar comigo e com Bredam, que estava ao meu lado.

- Os chamei aqui para discutirmos os detalhes finais sobre o protótipo de cérebro positrônico. Essa invenção é a nossa única chance de derrotar o Lab.Ulessia. Ela também poderá ajudar muitas pessoas de diversas formas. Isso se der certo, obviamente.

Ficamos conversando mais um tempo sobre o invento e foi decidido que juntaremos o protótipo ao corpo robótico - um corpo construído com uma estrutura de fibra de carbono, um pouco mais leve porém capaz de levantar até dez pessoas. Tudo recoberto com uma “armadura”, de um material super-resistente, criada aqui no laboratório.

Amanhã faremos a junção e os primeiros testes.

Fonte da imagem: https://images.app.goo.gl/5Q85uT4bZzq6h1L38