Série Ficção Científica

  



por Alexandre Xavier Lima


Nesta série, alguns alunos do sétimo ano especulam sobre o futuro, considerando os avanços tecnológicos e a relação entre ser humano e seu ambiente. Nós te convidamos a prestigiar as primeiras aventuras desses alunos nesse gênero e viajar pela imaginação!

 

 

PRHX o robô cientista (Parte 5)

Gabriela, 73


ABRI meus olhos e a única coisa que enxerguei foi uma luz branca muito forte, tentei me acostumar com a claridade. Quando meus olhos não doíam mais com a luz vi paredes completamente brancas e um teto de vidro. Estava no hospital. À minha volta estavam meus pais e um homem de jaleco que nunca vi na vida. Quando perceberam que havia acordado vieram para cima de mim, meus pais choravam muito, principalmente minha mãe. O médico começou a me examinar e após uns minutos disse que estava tudo bem e me deu um copo de água.

Tive que fazer um grande esforço para me sentar, mesmo com a ajuda. Perguntei a eles o que havia acontecido e fui respondida com outra pergunta. Percebi que não iriam me contar nada, então disse que precisava de um tempo sozinha para descansar. O médico também pediu para que se retirassem. Meus pais se despediram de mim e disseram que voltariam em breve.

Vi que havia mais três pessoas ao meu lado. Bree, Olden e Dorian estavam deitados em macas que ficam a centímetros acima do chão. Ao olhar para a frente tive uma surpresa, PX estava parado me olhando!

Aos poucos meus amigos foram acordando. Logo estávamos os quatro conversando.

- Não deveria ter entrado lá, eu podia muito bem sair sozinho.

- É claro que devia, se não tivesse entrado acha mesmo que teria chegado à saída? E além do mais estamos todos bem agora… não temos mais com o que nos preocupar! - Minha última frase foi recebida com caras tristes vindo de Bree, Liam e até de PRHX.

- O que houve? Por que estão todos com essas caras?

- Ky...Quando você chegou ao hospital estava em um estado muito grave. Os médicos disseram que, se tivesse ficado mais alguns minutinhos lá dentro, poderia ter morrido.- disse PX.

- É...mas eu não morri, estou bem aqui. Viva e inteiramente bem.

- Acontece - continuou o Robô - que você ficou muito tempo com a perna presa. Os médicos tiveram que amputá-la.

- O-o quê?...i-isso não… - foi aí que percebi que alguma coisa estava realmente errada comigo, estava sem uma parte de mim. Não pude aguentar, minhas lágrimas voltaram e, dessa vez, bem mais rápidas.

- Eu sinto muito… isso é tudo culpa minha - disse Bredam que agora chorava quase tanto quanto eu.

- Não, não é. Fui eu que decidi entrar lá, ninguém me obrigou a nada - disse tentando consolar um pouco meu amigo.

- Ela tem razão, a culpa não é sua Bredam… é de _____.

Fiquei surpresa com a fala de PX. Como ele podia ter alguma coisa a ver com isso?

Ao perceber nossas caras de dúvida, o Robô começou a nos contar tudo. Desde o momento em que saí da minha sala no dia anterior, até agora.

- Eu tinha ficado na sala de vocês para analisar todas as impressões digitais e ver se encontrava alguma coisa diferente. Escaneei toda a sala e olhei todos os cantos possíveis até que Liam apareceu nela. Ele tinha voltado para pegar um documento que havia esquecido e, enquanto mexia no computador, para salvar o que precisava, examinava o resto da sala.

- Quanto tempo após a saída de Kyra ele apareceu?

- Exatamente 7 min, 51 seg e 27 ms depois.

- A essa hora todos exceto eu havia saído do lab. - lembrou Dorian.

- Era para todos terem saído, mas eu, você e Liam ficamos. Quando o sr. Olden saiu da sala, fui ver o computador. Notei que quase todas as digitais eram de Liam e que havia algumas outras digitais meio apagadas. Na parte debaixo do objeto tinham umas três marcas de dedo que não correspondiam a nenhum cientista do laboratório.

- Nesse momento fui correndo avisar Dorian o que vi. Quando estava entrando na sala a sirene do laboratório disparou. Já que estou conectado com todo o sistema do LabôRobô, pude saber exatamente onde estava pegando fogo de acordo com as máquinas que iam parando de funcionar. 

Mesmo sabendo que tudo aquilo havia acontecido ontem, não pude deixar de sentir tudo de novo. O medo, o desespero, a dor…

- Percebi que o fogo havia se alastrado por praticamente todo o segundo andar e estava se aproximando cada vez mais. Eu e Dorian fomos correndo para a escada central e quando estávamos quase chegando, o fogo nos alcançou. A esta hora o fogo já havia consumido boa parte do primeiro andar.

- Vi que o sr.Aghani estava com mais dificuldade de respirar e vi que a única forma de sair dali seria passando pelo fogo. Como não posso me queimar, nada aconteceria comigo então segurei Dorian e fui o mais rápido que pude em direção a saída.

Estávamos no primeiro andar quando ouvimos gritar por Bredam. Tentei te localizar mas, se parasse, o sr.Aghani não resistiria.

- O levei para o lado de fora e o deixei nas mãos dos médicos e enfermeiros. Quando estava voltando para dentro do prédio, vi os vidros se estilhaçarem e parte do teto ceder. Comecei a correr mais rápido que antes e fui me guiando por sua voz. Vi Bredam no meio do caminho e parei para ajudá-lo a se levantar, ele ainda tinha força suficiente para sair do prédio então continuei correndo. Quando achei Kyra em meio aos destroços fui direto ao seu socorro. Por sorte vocês me fizeram forte e resistente o suficiente para que eu pudesse levantar o que havia caído nela enquanto a tirava dali.

- Consegui sair do prédio antes que ele desabasse de vez. Kyra teve que ir imediatamente ao hospital. Após alguns exames disseram que você estava bem o suficiente para passar pela cirurgia - que até então seus pais não queriam que fosse feita - e que, se não amputassem sua perna, algo pior aconteceria. E agora, bom, estamos todos aqui!

- Teve uma coisa que eu ainda não entendi. Como o prédio pegou fogo? E quem foi que invadiu o laboratório?

Bredam perguntou exatamente o que queria saber.

- Vocês humanos têm sentimentos muito fortes e, às vezes, isso pode impedi-los de enxergar certas coisas.

Ele não estava querendo dizer que…

- Liam colocou fogo no prédio. Não sei como ou por quê.

Olhei para o até então meu melhor amigo em busca de respostas, ele estava de cabeça baixa e parecia chorar, confirmando o que PX disse.

- Não consigo acreditar...não posso acreditar nisso.

Disse com o rosto quente por conta das lágrimas que insistiam em cair novamente. 

- Respondendo a sua outra pergunta - continuou o robô - Eu não sei quem invadiu o laboratório mas tive certeza que Liam estava envolvido nisso quando ele voltou para a sala e apenas as suas digitais permaneceram no computador. Ele estava lá para apagar o rastro que o invasor deixou e, após limpar as digitais do computador, teve que fechá-lo deixando apenas suas digitais inteiras.


Fonte da imagem: https://images.app.goo.gl/5Q85uT4bZzq6h1L38

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