ENTREVISTA

 



Olá! Mais um texto construído pelos nossos alunos.
#tbt
#saudadesdocapuerj
#recordaréviver
#fiquememcasa

ENTREVISTA

Pauline Delabroy-Allard, autora do livro Ça raconte Sarah

por Lívia Paiva dos Reis e Cassiane de Souza Silva


A escritora francesa Pauline Delabroy-Allard, autora do livro Ça raconte Sarah, participou de intervenções em diferentes escolas e universidades no Rio de Janeiro no mês de março, em comemoração ao mês da Francofonia, que esse ano traz como tema "As mulheres na Francofonia". Seu livro, Ça raconte Sarah, versa sobre a paixão entre duas mulheres. A romancista se inspira em sua própria relação mãe e filha para falar da solidão da mãe solteira. A escritora foi indicada em 2018 para os prêmios Telerama-France Culture, Goncourt, Goncourt des Lycéens, e foi agraciada com o prêmio Roman des étudiants France Culture Télérama.

Em entrevista ao Nossa Voz, Pauline Deabroy-Allard ressalta a importância da diversidade e o poder da literatura para a percepção da vida.


NOSSA VOZ: Outro dia li um tweet do Terry Crews colocando sua posição sobre o assunto "Pais do mesmo sexo podem dar a mesma educação do que pais de sexo diferente?". Sobre isso, qual sua opinião?


PAULINE: Je suis tout à fait d'accord avec cette pensée. Autour de moi, je connais de nombreuses familles homoparentales et je vois des enfants épanouis. Les enfants "démons" que je connais sont plutôt élevés par des hétérosexuels... Le fait d'être ou non un "bon" parent n'a rien à voir avec son orientation sexuelle, de mon point de vue. Et heureusement... !
TRADUÇÃO: Concordo totalmente com esse pensamento. Vejo muitas famílias homoparentais com crianças tranquilas a meu redor. As crianças “levadas” que conheço são geralmente criadas por pais heterossexuais... O fato de ser ou não bons pais não tem nada a ver com a orientação sexual, do meu ponto de vista. Felizmente...!

NOSSA VOZ: Para você, como foi todo o processo de escrever o livro, já que ele foi inspirado na sua relação de mãe e filha?


PAULINE: J'ai écrit mon roman en m'inspirant parfois de ma propre vie, mais... pas toujours ! Le personnage de la narratrice est une sorte de double, dans le sens où c'est une jeune femme d'une trentaine d'années qui a un enfant, ce qui est mon cas aussi. Mais ma relation avec ma fille est très différente de ce qu'on peut trouver dans le roman. C'est la magie de la littérature, on peut s'inspirer de ce qu'on connait mais on peut aussi inventer complètement autre chose.
TRADUÇÃO: Escrevi meu romance me inspirando às vezes em minha própria vida, mas... nem sempre! O personagem da narradora é uma espécie de “duplo”, no sentido de ser uma mulher jovem na faixa dos trinta que tem um filho, o que é meu caso também. Mas minha relação com minha filha é muito diferente do que pode ser encontrado no romance. Esta é a magia da literatura, podemos nos inspirar em algo que conhecemos, mas também podemos inventar uma coisa completamente diferente.


NOSSA VOZ: O mundo atualmente está cheio de estresse e tensão e, em seu livro, é visível a sua necessidade de poetizar o cotidiano, achando beleza em cada detalhe. Enquanto escrevia, você usou isso como uma forma de amenizar as dores da personagem principal? Se sim, por quê?


PAULINE: Je suis très attentive aux choses minuscules qu'on ne prend pas forcément la peine de regarder parce que c'est, à mon sens, ce qui fait la beauté de la vie. Les grands moments d'émotion (rencontre, mariage, anniversaires, naissances, morts) sont finalement que des jalons dans une vie. Mais la vie est émaillée de petits instants qui peuvent être tout aussi intenses émotionnellement, il suffit de le voir et surtout de le vouloir ! C'est comme un entrainement, il faut commencer par regarder la couleur des choses, le mouvement des nuages, et puis ça devient comme une drogue. Et oui, ça atténue la douleur des peines, c'est ce qui sauve la narratrice de mon roman (pendant un temps).
TRADUÇÃO: Estou muito atenta às pequenas coisas com as quais não nos preocupamos porque é, a meu ver, o que faz a beleza da vida. Os grandes momentos de emoção (encontros, casamentos, aniversários, nascimentos, mortes) são, finalmente, apenas marcos em uma vida. Mas a vida é revestida de pequenos instantes que podem ser também muito intensos emocionalmente, basta vê-los e, sobretudo, desejar senti-los. É como um treinamento, é preciso começar olhando as cores das coisas, o movimento das nuvens e, então, isso se torna um vício. Sim, isso alivia as dores, é isso que salva a narradora do meu romance (por um tempo).

(Essa entrevista contou com a colaboração e tradução da professora Helena Gonçalves.)

Rio de Janeiro – CAp-UERJ   Data 17/06/2019    Fundação: 13/03/2018    Ano II - n º7


Fonte da imagem: <https://psycatgames.com/pt/magazine/conversation-starters/things-to-talk-about/>.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RESENHA DO CONTO “O MENDIGO SEXTA-FEIRA JOGANDO NO MUNDIAL”, DE MIA COUTO

O Leão, Vinícius de Moraes

I Seminário JORNAL NA E DA ESCOLA: práticas de alunos e professores