Série Ficção Científica

 



por Alexandre Xavier Lima


Nesta série, alguns alunos do sétimo ano especulam sobre o futuro, considerando os avanços tecnológicos e a relação entre ser humano e seu ambiente. Nós te convidamos a prestigiar as primeiras aventuras desses alunos nesse gênero e viajar pela imaginação!

 


O futuro indo para o passado

Pseudônimo: Cora Reyes


    Oi, e sim, eu sei que não começa um texto para um jornal assim mas eu não me importo, meu nome é Cora, tenho 25 anos e vou contar uma história que aconteceu não há muito tempo e que pode parecer um pouco estranha mas realmente aconteceu, e eu sinto necessidade de compartilhar com todos vocês.

    Tudo começou quando eu tinha 8 anos e me mudei para uma zona mais rural da minha cidade, junto com meus pais que eram dois arqueólogos, Otto e Pedro. Aquela cidade era muito estranha, às vezes havia terremotos repentinos, uma vez eu estava no parquinho e a areia começou a flutuar e quando fui olhar ao redor as folhas das árvores estavam da mesma forma, e, de repente, tudo voltou ao chão. Os moradores da cidade não entendiam como e por que aquilo acontecia, e como meus pais eram curiosos eles logo foram procurar um motivo que, segundo eles, deve ter uma raiz histórica.

    Eles começaram as investigações, procurar pistas sobre o lugar e sempre me levavam junto para me ensinar algumas técnicas. E um dia, após toda a busca demorada pelo matagal daquela cidade, eles encontraram uma casinha coberta de folhas e raízes, e, como sempre, Otto entrava e via se era seguro para mim e Pedro cuidava de mim para que eu não saísse andando por lá sozinha. Quando eu e meu pai finalmente entramos lá dentro... eu não sabia o que era aquilo exatamente, parecia um estoque de comida antiga, mas segundo meus pais era um barzinho da época em que os carros ainda tocavam o chão, mas além de ter muita comida velha tinha mesas, cadeiras, tinha um banheiro de design bem antigo e muitas baratas. A coisa mais estranha foi um tipo de tela preta que acendeu, mas isso não poderia ter acontecido pois aquela tela só podia ser ligada com eletricidade, e meu pai Otto foi sugado para dentro da tela, depois ela apagou e meu pai Pedro ficou desesperado, e começou sua obsessão pela relíquia.

    Meu pai vivia tentando estudar aquela televisão (ele conseguiu descobrir o nome através de muitas pesquisas). Passaram vários anos, 2110, 2111, 2112, 2113, 2114, 2115, 2116 e em 2117 quando tinha quinze anos, levantei da minha cápsula uma manhã e me preparei para assistir minhas aulas, quando terminei fui até onde meu pai ficava o dia inteiro tentando trazer Otto de volta, e ele tinha sumido, entrei em desespero e comecei a bater na televisão e ela acendeu de novo e eu fui sugada para dentro dela.

    Parecia um túnel me levando para outra dimensão, mas quando pisquei, estava em um quarto, no chão olhando para uma espécie de notebook menos moderno e com um formato peculiar (que mais tarde descobri que era uma máquina de escrever), quando estava andando pelo corredor da casa ouvi algumas vozes, uma parecia de meu pai Pedro e a outra era bem familiar, quando cheguei no fim do corredor vi meus pais se abraçando, completei o abraço. Depois Otto explicou que estávamos em 1892 e que aquela máquina de escrever estava ligada de alguma forma com a televisão e havia apenas uma forma de desfazer essa conexão, que era destruindo as duas, mas alguém teria de ficar preso no ano de 1892, era a regra. Meus pais começaram a discutir, eu estava decidida, peguei o notebook peculiar e levei até eles, e como eu sabia ligar aquela coisa apenas na força do ódio, virei o lado das teclas para eles e joguei o objeto no chão, e ele quebrou é claro, mas levou meus pais de volta a 2117.

    Eu estou presa aqui agora e estou escrevendo isso após ter notado algumas coisas que não precisam acontecer nesta e em nenhuma outra época. Nós vamos evoluir tecnologicamente quando evoluirmos como seres humanos e aceitarmos qualquer tipo de amor, qualquer cor de pele, aceitarmos que temos todos as mesmas capacidades independente do gênero e que as pessoas podem ser quem e o que elas querem ser, e se você discorda saiba que não importa a sua opinião no futuro vai ser assim, e se você concorda saiba que dias melhores virão com certeza.


Julia Beatriz, 73


Fonte da imagem: https://images.app.goo.gl/5Q85uT4bZzq6h1L38

 

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