DETETIVES
Por Ana Clara, turma 71
O terceiro for Cleber, que estava com um corte recente no antebraço. Era o mais novo integrante no ramo da reciclagem, mas que tinha pegado intimidade muito rápido com as pessoas. Fui o último a sair. O Jorge fiz um cafezinho para nós dois e fui pra casa poucos minutos depois do Hugo. “Não estranhei nada”, diz o rapaz.
O quarto foi Hugo, que já sabia o que seria contado na reunião, pois ele e o ativista descobriram juntos a notícia.
- Era sobre a empresa daquele maldito Tadeu Cavalcante, Petro Tec, eles estão vazando produtos químicos em rios, que abastecem cidades pequenas do interior, deixando as populações doentes e estão maquiando os dados para não serem descobertos.
- E esse Tadeu tinha alguma briga com a turma de vocês?
- O “homem poderoso " não suporta nossa luta por pautas ambientais, ele nos odeia, já causamos bastante prejuízo. Por isso de só pessoas confiáveis na reunião, se alguém descobrisse que a notícia havia vazado, as consequências poderiam ser fatais. Tanto é que para deixar tudo seguro, o Jorge guardou todos os dados no seu computador. O Tadeu é perigoso.
- Hugo, me responde mais uma coisa, que horas você foi embora?
- Umas 01:30 por aí, que tinha compromisso com alguns amigos, uma balada famosinha aqui na cidade.
Assim se encerrou o diálogo entre Roberto e Hugo.
O detetive logo descartou Julia e Hugo como suspeitos, pois o jovem não possuía porte físico para fazer aquele estrago e estava comprovado que Hugo foi na balada, através dos registros em sua rede social naquela noite.
Estava claro, o que o assassino procurava era o computador, que pelo visto tinha conseguido, já que o eletrônico não estava na cena do crime, nem pelo resto da fábrica.
O resultado da autopsia saiu e foi descoberto que a vítima morreu por asfixia por volta das 4 horas da manhã. O que restava agora, era chamar o tal Tadeu.
Marcelo, como ótimo ajudante estudou sua ficha criminal e todas as potenciais pistas envolvendo o nome do "homem poderoso”, chegando à conclusão que Tadeu não sujava as mãos, sempre eram capangas agindo por ele, assim mantendo sua ficha limpa.
Na hora do interrogatório, Tadeu aparentou odiar Jorge e não cooperava com a investigação.
- Você possuía infiltrados para monitorar os passos de Nascimento? – perguntou Roberto.
- Claro que não, qualquer pessoa conseguiria saber as jogadas desse homem, ele confia em todo mundo. – disse Tadeu com deboche.
- Mas você ficou sabendo de algo recentemente? Sobre vazamentos de informações? - Pressionou o detetive.
- E eu? Não sei de nada, só sei o que todos sabem né, sobre essa tal de reunião – respondeu o homem todo nervoso tropeçando nas palavras.
Foi aí que Roberto juntou as peças, Tadeu falou demais e se enrolou, o detetive só precisava de uma coisa, o teste de DNA do café derramado no chão. Que por sorte não era o café do Jorge. Depois do resultado o detetive deu voz de prisão em Cleber.
- Você não pode fazer isso, me tira daqui, cadê as provas?! – grita o rapaz revoltado.
- Por que mentiu sobre ir embora mais cedo, se você é "inocente”, meu caro amigo? - Rebate Santos.
- O que você está falando? – falou o menino “não” entendendo a pergunta.
- Como você teria tomado café perto da 01:30 da manhã e quando nós chegamos depois de horas, o café ainda estava morno derramado no chão? Vocês entraram em luta corporal, Jorge pra se defender tacou uma das canecas contra você, isso explica o corte no braço e o líquido no chão, que estava com sua saliva por sinal. Se os dois tiveram um desentendimento e brigaram, tudo bem, mas pra que sumir com as provas que constavam que você esteve no cena do crime se o assassino não é a sua pessoa? - disparou Roberto.
O menino não soube responder e ficou totalmente calado.
- Por que matá-lo? O que tinha de tão importante naquele computador, além dos dados da Petro Tec? Você não queria que Jorge soubesse sobre o vazamento? – perguntou o detetive.
- Eu não sei de computador nenhum, não matei ninguém. Na real, quem não queria que Jorge soubesse era o Tadeu Cavalcante – Disse o menino com uma expressão de quem falou o que não podia.
O detetive encerrou o interrogatório e constatou sua teoria. Cleber trabalhava para Tadeu, para provar isso era necessário uma busca e apreensão na casa do "homem poderoso”.
Dito e feito, chegando lá, a polícia encontrou o computador do ativista no cofre do quarto principal. Tadeu foi preso.
- Vocês não sabem com quem estão se metendo, não há como provar que matei esse “cara" aí. – esbravejou o ricaço.
- De fato você não matou, mas foi mandante do crime. – afirmou o detetive
- Ficou maluco? - exclamou Tadeu.
- Abaixa a bola, garotão. O Cleber era o seu infiltrado. Como o "cérebro” da organização morre logo após de contar algo que comprometeria sua empresa, e o computador que possui todas as informações aparece na sua casa? - diz Roberto um pouco irritado.
- Não sei, aquilo foi armado. – afirma o criminoso.
- Armado? A única pessoa que tem a senha do cofre é você – disse Santos.
- Mobike burro, sabia que não podia confiar.
- Você acabou de admitir indiretamente. Cleber não tinha motivos para matar Jorge, tanto é que computador nem estava com ele, só algo maior poderia motivá-lo a matar alguém, algo que poderia ser o seu dinheiro.
Sem contar no seu medo de perder a Petro Tec, precisa de olhos em tudo que pode te ameaçar.
Esses olhos eram Cleber, que te contou tudo sobre a reunião, mas ninguém além dos três e da polícia sabia disso, nem mesmo seu João, então por que você saberia?
Nisso, Cleber roubou o computador E matou Jorge por comando seu, para o disfarce e nem o esquema serem descobertos – Explica Roberto
Os dois admitiram o crime e suas sentenças foram dadas. A justiça foi feita e a dupla de detetives foi aclamada pela empresa.
Fonte da imagem: <https://vectorportal.com/pt/vector/detetive-silhouette-image.ai/15297>.
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