A PONTA DO ICEBERG


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Por Ana Luiza T. 72.2022


Tratava-se de um desaparecido denunciando por um amigo da vítima.
A cena do crime era a mansão de uma das pessoas mais ricas do país atualmente: o milionário Marcos Maranhão que vivia dando festas com famosos e usando coisas de marca. Embora muito bonita, sua sala de estar estava bagunçada e pintada com manchas de sangue pontuais no tapete. Não havia nenhuma arma.
Após a perícia criminal, as análises de sangue mostraram que somente Marcos foi vítima e não havia expressões digitais na casa. Um crime bem executado.
Roberto começara seu raciocínio a partir do que já tinha. As perguntas eram muitas, mas já não assustavam um detetive experiente como ele. “Quem teria motivos para sumir com Marcos? Será que então o mataram? Por que fariam algo desse tipo? Se o objetivo era ganhar dinheiro, por que não chantagearam nas últimas 24 horas?”.
Assim começou a interrogar pessoas próximas. Descobriu que o milionário não tem contato com a família. Mas seus amigos sempre dizendo o mesmo: “um cara legal e divertido, que aproveita a vida". Roberto deduziu então que havia algo de errado. “Como alguém assim tão tranquilo desapareceria assim tão do nada?”.
Seu próximo passo foi pedir autorização para ir até a casa de Marcos novamente. Mas não para investigar a cena do crime. Para remexer as coisas dele.
Roberto passou muito tempo lá, mexendo nas coisas de Marcos e tudo parecia extremamente normal. Até que encontrou um pequeno... compartimento secreto na cabeceira de sua cama. “Muito bem escondido” - pensou quando por pouco notou a pequena abertura. E o que encontrou foi surpreendente para ele: “cartas da sua família, dinheiro, documentos e... espere. Drogas?!”
Roberto começou a olhar tudo. As cartas se referiam a Marcos como “Júlio” e... os documentos antigos com fotos também. “Ele fingia ser outra pessoa por todo esse tempo”.
Roberto foi em disparada à delegacia. Ao chegar foi diretamente conferir a ficha criminal de um tal de Júlio Menezes e encontrou coisas interessantes: “tráfico de drogas e produtos eletrônicos”. Mas estava dado como desaparecido desde 2016.
Ele então começou a ler as cartas novamente e encontrou uma que não era da família de Júlio. Dizia assim:
“Se você não dividir metade da fortuna comigo, vou te entregar amanhã”
E assinada por um tal de João, que também tinha passagens por tráfico, um dia antes do desaparecimento. Roberto entenderá tudo e foi direto ao delegado.
Mas ao chegar em sua sala, Roberto avistou uma pessoa sentada com o delegado. Pediu para entrar.
- Boa hora.
- Olá, Roberto. Este é João. Ele queria fazer a denúncia.
Roberto rapidamente revidou:
- Desculpe, delegado. Vou ter que interferir.
- Como assim? O que aconteceu ?
Parece que João não havia falado nada, então Roberto explicou. Juntos interrogaram João, que colaborou.
- Eu e Júlio estamos nessa vida juntos e pretendíamos continuar, mas ele me enganou. Fugiu com todo o dinheiro que tínhamos ganhado e me deixou sem nada. Resolvi vir atrás dele e descobri sua identidade, assim o ameacei. Não saiu do melhor jeito.
- Realmente, você vai ser preso. - Disse o delegado.
- Não me importo, desde que ele também seja. Aquele sujeito me enganou e magoou sua família. Vou junto com ele para a cadeia.
- Sabe para onde ele foi? - Perguntou Roberto - Quanto mais colabora, melhor será para o seu julgamento.
- Acho que ele vai para Miami, com um empregado que saiu algumas horas antes do sumiço. Aparentemente foi liberado mais cedo.
Enquanto João era levado para a cela, Roberto e o delegado comunicaram todos os aeroportos possíveis.
Depois de um tempo receberam uma ligação de volta.
O bandido foi pego no corredor, quase entrando no avião. Por pouco não foi para Miami. Na mesma hora foi preso. Então, foram delegado e o Roberto encontrar o bandido.
- Muito bem, Júlio. Explique-se.
Por incrível que pareça, ele o fez.
- Eu fugi e preparei um falso desaparecimento. As manchas de sangue eram minhas porque me machuquei de propósito para deixar falsos vestígios...
Então prosseguiu a contar tudo que Roberto já sabia. Mas por que ele contaria tudo tão facilmente?
- Há mais alguém envolvido no seu esquema?
- Há muitas pessoas. É o esquema internacional de tráfico que estão investigando. Se eu não fugisse, ou estaria aqui ou seria morto por alguém que ficasse sabendo depois de me entregar.
Roberto sabia que ele não teria contato se não fosse bem para ele. E, no final, esse crime foi só a ponta do iceberg.
- Avisem a Interpol. Vamos ter que continuar a investigação. - disse o delegado no telefone depois de Roberto prender Júlio.
Parece que a história estava só começando.

Fonte da imagem: <https://pixabay.com/pt/photos/iceberg-ant%C3%A1rtica-frio-%C3%A1rtico-neve-5163649/>.

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