Parte I de “Cantares do Sem Nome e de Partidas”, Hilda Hilst
Um
olhar poético para esse domingo com a poetisa Hilda Hilst.
“Cantares
do Sem Nome e de Partidas” (1995)
I
Que
este amor não me cegue nem me siga.
E de
mim mesma nunca se aperceba.
Que
me exclua do estar sendo perseguida
E do
tormento
De
só por ele me saber estar sendo.
Que
o olhar não se perca nas tulipas
Pois
formas tão perfeitas de beleza
Vêm
do fulgor das trevas.
E o
meu Senhor habita o rutilante escuro
De
um suposto de heras em alto muro.
Que
este amor só me faça descontente
E
farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu
me faça pequena. E diminuta e tenra
Como
só soem ser aranhas e formigas.
Que
este amor só me veja de partida.
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