POESIA DE MANOEL DE BARROS

Manoel Wenceslau Leite de Barros (Cuiabá19 de dezembro de 1916 — Campo Grande13 de novembro de 2014) foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao pós-Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Com 13 anos, ele se mudou para Campo Grande (MS), onde viveu pelo resto da sua vida. Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis e foi membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários. Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros. (Fonte: Wikipedia)

— O que é o que é? (Manoel de Barros)
(como nas adivinhas populares)

Escorre na pedra amareluz.
Faz parte de árvore. É acostumado
com uma parede na cara.
Escuta fazerem a lama como um canto.

Bicho-do-mato que sói de anjo
refulge de noite no próprio esgoto.
Camaleão finge que é ele.
Rio de versos turvos.

É lido em borboletas como o sol.
Se obtém para o voo nos detritos.
Cobre vasta extensão de si mesmo com nada.
Minhocal de pessoas, deserto de muitos eus.

(Fonte: BARROS, Manoel. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010, pp. 173-174)

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