A RELIGIOMANIA DOS TEMPOS PASSADOS...


 

Por Thiago Gomes Valentim, turma 2A

 

A condição de estar morto é algo fascinante, será que foi triste ou só esperavam que eu sumi? Essa é a história do jovem Adão que não fazia mal, mas sim refletia sobre as chances de ocorrer. Morava perto de uma floresta, não se preocupando com empregos ou contas. Pelo que eu me lembro, era muito prazeroso estudar.

De tempos em tempos, eu dizia frases inacreditáveis aos meus genitores como ´´Pai, você já supôs da onde os seres humanos vieram?`` Claro que essas indagações tinham como objetivo cutucar o pensamento popular, mas que pena que essa cidade não estava preparada para isso. Como resposta, os meus pais só afirmavam ´´Deus é o criador de todas as coisas``. Agora vejo essas memórias com outra perspectiva, reparando que eu não deveria ter me encontrado com essa família, mas sim estar num jardim ou dentro de um livro famoso.

Voltando a minha história, na escola, a frustração era ainda pior, devido às aulas que eu não gostava, mas frequentava, não permitindo o meu mau-humor consumir as minhas ações nos dias monótonos e sem sal da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo, entretanto, não era de tão ruim assim, eu contava colegas que pensavam igual a mim, sempre um grupo seleto de pessoas que continha eu, minha sombra, e meu amigo Davi, que de muitos candidatos selecionados, ele foi o mais realista, existem vultos que diziam — esses jovens ainda têm muito o que aprender, mas eles esquecem o que a gente já sabe, esse rapaz e um bom exemplo disso, juntos vivenciamos ideias que embarcavam numa plena sabedoria, que poucos gozavam de ter. Um dia, Davi foi lá em casa descompromissado de qualquer surpresa, o meu azar era que ele estava mais enxerido do que o normal. Vasculhando as minhas anotações, ele leu ´´Se eu não vejo, não sinto. Como é concebível ser real? Como suportar essas declarações da igreja, ainda por cima como esses fiéis são chamados de fiéis se reparo coisas que nem o padre conhece? Será que isso é crê em Deus? Será que

Deus só existe nos momentos em que as pessoas querem?``

Após ler isso, Davi previu o desastre que iria acontecer e saiu do quarto. Ele, diferente de mim, era mais cauteloso. Já presumindo os meus seguintes passos, se distanciou de mim durante um bom tempo, na procura de solucionar a minha impaciência, tentando me convencer que o ambiente, a nossa volta, consegue levar qualquer um à loucura. Logo eu sou bobo por pensar que estou sendo ludibriado? Esperto são aqueles que fingem ser enganados.

Enquanto isso, eu estava mais próximo do que nunca de revelar a todos a minha angústia sobre esse molde de sociedade pré-estabelecida. Tudo parecia ser manipulado por alguém. O que me deixava mais satisfeito nesse lugar era a natureza que não me enganava, e o estudo que pode extrair de lá, mas nada me deixava feliz. Eu já conseguiria julgar como eu seria daqui a 20 ou 50 anos, não quero viver assim, podem me chamar de revolucionário, hipócrita ou outras asneiras do tipo, o meu grito de raiva estava cada vez mais próximo, mais perto o meio da rua, quase falo, por sorte, Davi apareceu e me acalmou. Ele misteriosamente acabou me levando até a igreja. Sem entender nada, eu só o seguia. Nesse instante, estava começando a anoitecer. Eu já conseguia sentir o cheiro de chuva no ar, mesmo assim o segui acreditando que ele tinha um bom motivo para isso. Chegando lá, fiquei surpreso. Ele me contou que seu pai era o padre da vila, aí perguntei para ele como é ser filho de um padre? Ele falou ´´É legal, o meu pai deixa eu ler livros que quase ninguém tem acesso. Eu gosto do gênero que explica como manipular as pessoas. O último que li foi O Kybalion, esse foi o meu pai que me recomendou.`` Ao final da conversa, eu só queria ir embora para casa, entretanto, acabei ficando lá mais tempo do que deveria, preso na igreja com psicopata mirim, o desfecho desse episódio foi eu morto numa noite chuvosa.

 

Fonte da imagem: <https://www.pexels.com/es-es/foto/disfraz-de-fantasma-3993249/>.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RESENHA DO CONTO “O MENDIGO SEXTA-FEIRA JOGANDO NO MUNDIAL”, DE MIA COUTO

O Leão, Vinícius de Moraes

I Seminário JORNAL NA E DA ESCOLA: práticas de alunos e professores