SONETO DE CARNAVAL

 



Distante o meu amor, se me afigura 

O amor como um patético tormento 

Pensar nele é morrer de desventura 

Não pensar é matar meu pensamento. 

 

Seu mais doce desejo se amargura 

Todo o instante perdido é um sofrimento 

Cada beijo lembrado uma tortura 

Um ciúme do próprio ciumento. 

 

E vivemos partindo, ela de mim 

E eu dela, enquanto breves vão-se os anos 

Para a grande partida que há no fim 

 

De toda a vida e todo o amor humanos: 

Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo 

Que se um fica o outro parte a redimi-lo.

 

Vinícius de Moraes

Oxford, carnaval de 1939

(Disponível em: <http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/soneto-de-carnaval>.)

 

Fonte da imagem: <https://pxhere.com/pt/photo/678857>.

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