DEIXA BROTAR!
DEIXA BROTAR!
Hoje vendo o bloco do Cap
vibrando por toda a escola, os alunos ansiosos para descer, o frisson estava presente nas escolhas de
fantasias e maquiagens, nos sorrisos em alguns rostos que há tempo não via
igual, voltei a ser menina.
Cresci com entra e sai de
passistas dos Boêmios de Irajá em minha casa. Eram lindas! Mulheres donas de
seus caminhos, exuberantes, cheias de luz, soberanas! Queria definitivamente
ser uma delas. O lado materno da família era o elo entre esse mundo vermelho e
branco, cheio de pompons brancos por todo lado, de purpurina indispensáveis em
minhas breves e intensas participações infantis em blocos. Queria com igual
determinação ser como minha avó, dona do melhor abraço e do melhor sorriso e do
melhor gingado. Queria com grande orgulho ser minha mãe, minha estilista e
costureira de carnaval, metalúrgica e dona de casa, vibrante e doce. Todas esculturas em ação igualmente lindas!
Bem, não me tornei passista nem
metalúrgica... Segui outro caminho, porém, me dei conta hoje que nunca
abandonei o eixo dos meus planos da primeira infância: ser uma mulher alegre e
viva. É uma condição cultivada hora a hora, laboriosa e inquietante, afinal requer
questionar sem fraquejar o que é alegria, o que é viver, o que é ser mulher.
No sábado de carnaval do ano
passado, minha mãe virou estrelinha, como diz minha filha, e não poderia ser em
dia mais apropriado, confirmando uma vida que se encerrou com a chave da cidade
passada por Momo. Hoje, a alegria dela e de muitas outras grandes mulheres,
rainhas de si, salta pela quadra, pelos corredores, pelo pátio em mais um
carnaval. Salve!
Angélica Castilho
Rio de janeiro, 28 de fevereiro
de 2019.
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