Por Thais Duarte.
A pergunta acima é honesta. Eu nunca tinha parado para pensar na indústria de discos de vinil, acredito que muita gente esteja no mesmo barco. As mudanças vão ocorrendo no mundo, nós tendemos a apenas aceitá-las e nos adaptarmos a elas, sem pensar muito em como milhões de vidas são afetadas pelas novas tecnologias. Fato é que um dia desses acordei e me deparei com uma notícia de que o novo álbum da cantora Adele estaria colapsando a indústria de vinil, por achar o título bastante inusitado resolvi ler a matéria e me surpreendi ao descobrir que o “tal colapso” não se devia a falta de compradores, pelo contrário, estava associado à alta demanda que o álbum estava gerando.
Eu, que para ser sincera não peguei a época de ouro do disco de vinil, achava que essa indústria já estava morta e enterrada há muito tempo e acreditava que os CDs seguiam pelo mesmo caminho, descobri que ainda existe um público cativo dos vinis, e não apenas dos antigos, dos anos 80, 90, mas que há discos sendo fabricados e lançados atualmente. Descobri que no Brasil uma fábrica foi reativada depois de ter falido, a Polysom, e outra foi aberta e entrou em pleno funcionamento recentemente entre 2014 e 2017, a Vinil Brasil, sendo que as duas empregam a chamada “velha guarda”, trazendo gente que mexia com vinil na época de ouro, mas também de uma parcela mais jovem, aliás os donos das duas são mais jovens do que se poderia pensar. Além delas, há pelo menos três pequenas oficinas fabricando esse artigo.
Houve, na verdade, um grande aumento na busca por esse produto, considerado arte em si mesmo por muitos, durante essa pandemia, não apenas no Brasil, o fenômeno é mundial. Há quem acredite que isso ocorreu, porque as pessoas buscaram por elementos que lhe eram familiares e acolhedores. Apesar de não ser uma amante dos discos de vinil, nem poderia, pois, só tive em mãos um único disco e nunca o ouvi, parte de mim se sentiu feliz por saber que algo considerado ultrapassado ainda possui valor para muitas pessoas em nosso mundo, sempre prático e acelerado. E me fez pensar que aquela perspectiva que aponta uma pequena lista de coisas que supostamente desaparecerão em dez anos não é completamente verdadeira, pois só leva em conta a presumida facilidade e funcionalidade da tecnologia, esquecendo da imprevisibilidade das afeições humanas.
Chegaram a afirmar que o cinema acabaria por causa dos streamings, no entanto, esquecem-se de que, na minha opinião, ir ao cinema não se trata apenas de ter acesso a um filme, mas da experiência de dividir uma sala com dezenas de pessoas que estão interessadas na mesma obra, de sentir a vibração em torno, de se relacionar com outros. Nem sempre o mais rápido, o mais prático, o mais tecnológico agrada em todos os sentidos, às vezes, precisamos e queremos o sentimental, o demorado, que, por vezes, têm mais qualidade e valor. Por algumas coisas, vale a pena esperar… Pelo menos é o que pensam compradores de vinil que chegam a esperar meses para ter seu disco em mãos.
Fonte da Imagem: https://pixnio.com/pt/objetos/musica-som-jogo-redonda-brilhante-toca-discos-vinil# Fontes:
https://www.uol.com.br/splash/colunas/leonardo-rodrigues/2021/12/02/adele-30-disco-esta-destruindo-a-industria-do-vinil-mas-ela-nao-tem-culpa.htm
https://tecnoblog.net/429450/discos-de-vinil/
https://vejasp.abril.com.br/cultura-lazer/musico-fabrica-vinil/
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