A NOVELA DAS OITO por Gabriel Belchior Sabe qual é o problema? Aliás, não só aqui, mas em tudo? É não saber por onde começar. Essa inibição inicial gasta mais que metade do tempo totalizado, já que depois que se começa a escrever o texto, isso no meu caso, você cheira espiritualmente um pouco de cocaína do Nosso Lar e escreve que nem a falecida escrava da Globo, Janete Clair. Aí está um bom início… Janete Clair! A Nossa Senhora das Oito foi misericordiosa na minha família. Reinava diariamente na casa dos Belchior, a tal ponto que a facção feminina do clã, com uma frustração perpétua, a usava como válvula de escape para os problemas conjugais. Maria Amélia era sua maior fã. Ligava a televisão na hora da novela e fazia questão de dizer: “Está na hora do meu sonho começar”. Coitada, todo mundo percebia a fossa em que vivia por conta da alegria com aquele entretenimento barato (sem ofensas, Janete!). As irmãs sentiam pena e voltavam para suas casas e para aquela vid...